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Incômoda Alma Minha
Me disseram: sossega. Acomoda tua sede no copo do possível. Aceita o raso. Celebra o morno. Veste o sorriso que combina com o ambiente. Mas eu não sei ser menos. Não sei fingir que me encaixo num mundo que vive de aparências e metas recicladas. Carrego no peito uma bússola que enlouquece num norte sem sentido. Vejo gente correndo atrás de nada com pressa de ser tudo. E eu, parada, me sinto estrangeira na terra de mim mesma. Não é arrogância. É só um pertencimento que não achei. É um vazio que não se preenche com metas, cifras, nem elogios envernizados. É uma saudade do que talvez nunca vivi. Me disseram: você quer demais. Mas será mesmo querer demais o que deveria ser o básico? Sentido. Verdades. Encontros que não sejam escapatórias. Hoje, tudo me pesa. As conversas com prazo de validade. As selfies de sorrisos editados. Os diplomas emoldurando vazios. As orações feitas no automático. E eu aqui, com os olhos molhados e o coração aceso, me perguntando: Será que existe um lugar onde ser profunda não seja um defeito? Se existir, que me espere. Ou me inspire a construir.
Fabiana Ferreira Lopes
Enviado por Fabiana Ferreira Lopes em 17/06/2025
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