Fabiana Ferreira Lopes

" A vida só se da para quem se deu" Vinicius de Moraes

Textos

Condenação
E a chuva cai sobre a cidade
E eu sorvo a bebida que do copo transborda
Num canto qualquer
E minha pele ressente-se
Não tanto pelo ar frio
Ela pressente algo em mim
Que partiu
Meu coração esquadrinha velhas e novas lembranças
E ele condói-se
Eu já não trago esperança
De amar como já amei
Eu sei que há amor em meu entorno
Mas ainda assim sinto o vazio
É querer dar algo que não se tem
É esforça-se para não partir ao meio outro alguém
Toda essa chuva a cair
São as lagrimas que eu não deixo sair
Eu acendo outra cigarrilha
Eu peço mais uma bebida
Procuro em mim entender a razão
São tantas salas escuras dentro do meu ser
É tanto abandono e solidão
E quem diz que conhece-me
Engana-se.
Pois, eu mesma não reconheço-me
Diante um espelho sujo
Eu pergunto:
Quem é você estranha?
Onde todo amor que pulsava em mim?
Será que me perdi?
Ou sempre fui assim?
Oras outrem
Por vezes atriz
Quem diz que me quer
E quem disse que já me teve
Esbarrou com essa fina camada de brilho
Nunca adentrou aqui onde habito
Pois perderia-se em labirintos
Contornos irregulares da minha alma ferida
Nesse breu que encanta e entorpece
Mais um dia amanhece
E as perguntas sem respostas
Aqui permanecem
Eu sonhei tanto em mãos unidas e entrelaçadas
Mas elas encontram-se soltas
E eu não tenho como evitar
Toda a grande devastação que  se anuncia
Preparo-me.
Agora saio da vítima de minhas dores e desamores
Para ser algoz da dor e desamor de outro
Essa minha sentença
Essa minha condenação







Fabiana Ferreira Lopes
Enviado por Fabiana Ferreira Lopes em 08/12/2020
Alterado em 19/05/2022
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras