Confissão
De tantos caminhos que percorri
Dos lugares escuros que passei E os cálices amargos que sorvi Com tanta pressa de viver Com tanta gana para vencer Atropelei me numa enxovalhada De equívocos e decepção. Tantos abismos e precipícios Dos quais me atirei Na ilusão de que isso era liberdade Que tanto engodo e rebeldia Era autonomia. A sanção foi alta E não levou tanto tempo Anos de aflição e solidão Parada no meio da estrada Dobrada com o peso de todas falacias O meu ouro era de tolo E o brilho era simples verniz. Então cheguei aqui Justamente nesse ponto Esquecido de meu passado De lembranças que acreditei Carcomidas pelo tempo. E você (re)surgiu Com sua bagagem e com marcas dos anos Anos de silêncio e esquecimento E confidenciou suas batalhas, percas e vitórias. Oposto de mim escolheu a trilha do meio Foi vivendo cada dia Por vezes com agruras. Não desbravou muitos horizontes Não sentiu se impelido para labirintos Quieto ficou a esperar Na certa que o rio por mais curvas e pedras Sempre encontra um jeito de alcançar o mar. Então eu cheguei Com marcas e cicatrizes Quase sem folego para prosseguir E você deu me a mão Abriu me um sorriso. E eu incrédula com tal revelação Meu paraíso estava na soleira de minha porta E o tanto que eu andei Cada passo e tropeço Fez me chegar até essa ponte Esse porto seguro que é seus braços. Tantas águas turbulentas E a maresia tão próxima E entre beijos e carícias A paz invade meu coração O que foi que você viu em mim E como pode esperar Que eu crescesse e percebesse Que o que tanto buscava Com paixão desregradas Podia ter vivido aqui Nesse pedacinho de mundo E o que eu posso dizer Certo ou errado Só sei que amo você!
Fabiana Ferreira Lopes
Enviado por Fabiana Ferreira Lopes em 21/05/2016
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