Fabiana Ferreira Lopes

" A vida só se da para quem se deu" Vinicius de Moraes

Meu Diário
10/12/2010 14h25
Quatro de dezembro

Quatro de dezembro
Dia de Santa Barbara.
Quatro de dezembro
Dia de Iansã
Eparrei Oya!
Quatro de dezembro
Seria o dia do meu casamento.
Orçamento de buffet
Salão, decoração de igreja
Vestido de noiva
Eu mesma desenhei.
Mas amanheceu o dia
Quatro de dezembro
E eu não tive dia da noiva
Nem bolo de três andares.
Nada de padrinhos e madrinhas
Nem buquê para arremessar.
Quatro de dezembro
acordei do mesmo modo que
fui me deitar, sozinha.
Quatro de dezembro
Será que só eu me lembrei
Que seria nosso dia?
Nosso... isso ficou tão distante.
Quatro de dezembro
Do outro lado você só deve pensar
Que mais uma vez a culpa foi minha.
Mas eu chorei.
Andei pela casa insone
Busquei seus vestigios
Encontrei só o vazio.
Quatro de dezembro
Brindei o dia que seria o mais feliz com a solidão.
Dancei sozinha com o calice de vinha em minhas mãos!
Rubro como o sangue que verte em em meu coração
Vermelho como meus olhos de tanto chorar.
Um pranto de dor e frustação.
De outra vez estar na contramão
Pista errada, velocidas desencontradas e rota invertida.
Assim sou eu e você.
Eu no norte
Você no extremo de meus limites
Sem ponto de chegada ou final
Mais que isso sem ponto de encontro afinal!
Quatro de dezembro
Diga que fui eu.
Talvez eu suporte mais essa dor
Mais um erro de amor.
Só não diga que não te amei
Ou que não tentei.
Fui muito além de mim
E você
Do que mesmo abriu mão?
Quatro de dezembro
Não sei se sinto sua falta
Ainda é dificil abrir essa porta
E não ter suas coisas espalhadas por todos os cantos.
Não tenho mais nossas fotografias
Eu as rasguei em meio a raiva e melancolia.
Não lembro se um dia houve nossa melodia
Restou essa agonia e os epaços vagos
No guarda-roupa carcomido pelo tempo.
E quanto tempo faz mesmo?
Parece que foi há anos e no entanto foi quase ontem.
E o peso de todas as lembranças vergam-me o corpo
E ferem-me a alma.
Não te disse adeus
Atirei tudo que era de nós nun canto qualquer.
E você se foi
Sem mala e cheio de magoa.
Eu aqui recolho mues cacos e tento remendar os pedaços.
Quatro de dezembro
Nenhum dos dois entendem.
Nenhum vencedor.
Estou no chão.
E você ainda lembrará do meu nome?
Quem mais errou?
Me diz o que foi feito de tanto amor?
E as juras de envelhecer juntos
Quem de nós roubou?
Diga que fui eu
Doi bem menos e estou acostumada.
Saio como entrei
Fica comigo o que esperava desde o primeiro beijo
A última noite de amor, nada!


Publicado por Fabiana Ferreira Lopes em 10/12/2010 às 14h25
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